Paciente denuncia que já teve o tratamento paralisado três vezes. 20 pessoas tiveram sessões de quimioterapia suspensas.
Pacientes com câncer denunciam que não estão conseguindo fazer o tratamento de quimioterapia no Hospital Universitário Prof. Alberto Nunes (HUPAA), em Maceió, porque os remédios estão em falta. A Defensoria Pública foi acionada.
Lívia Tenório descobriu que tinha um linfoma, um câncer no sistema linfático, aos 27 anos. A partir disso, a rotina dela mudou completamente. Lívia faz tratamento de quimioterapia a cada 15 dias no HUPAA, mas conta que o procedimento foi suspenso há quase um mês porque o hospital alega que não tem a medicação necessária no estoque.
Lívia denuncia que essa é a terceira vez que tem o tratamento interrompido desde que iniciou a quimioterapia. “Eles não dão previsão, dizem que é sem previsão, que é um problema do fornecedor e que quando a droga chegar eles vão entrar em contato para gente poder ir lá receber. Eu posso esperar, mas a doença não pode esperar”, reclama.
O medicamento em falta é o doxorrubicina, um antibiótico utilizado contra o câncer. Por enquanto, a Lívia só tem dado viagem perdida, porque o hospital não informa uma previsão de quando a medicação vai chegar.
“É um direito nosso, é um direito do cidadão, é um direito que já era para ser seu. É como se a minha vida não tivesse valor, mas eu quero viver, eu estou lutando para viver”, conta Lívia. E a família dela procurou a Defensoria Pública para denunciar a situação.
“Imediatamente nós oficiamos a direção da unidade hospitalar e aguardamos a resposta. Esperamos que seja resolvido urgentemente, aguardaremos no máximo 48 horas. Se isso não for corrigido, ou seja, se essa medicação não for entregue aos pacientes e reestabelecido o tratamento, a Defensoria lançará mão de medidas judiciais para garantir o direito dessas pessoas”, explica o defensor público Daniel Alcoforado.
Prejuízos
O HUPAA reconheceu o problema, dizendo que 5 medicamentos usados no tratamento da quimioterapia estavam em falta e que por isso 20 pacientes tiveram as sessões suspensas.
A direção do hospital disse que 2 desses medicamentos estão em falta no país todo, porque a indústria farmacêutica deixou de fabricá-los. Já no caso dos outros 3 medicamentos, o HUPAA falou que a empresa que venceu a licitação ainda não entregou os remédios.
“Isso não é um problema crônico, nem um problema que não possa ser tratado dessa forma pontual. Agora que as pessoas vão à Justiça hoje no Brasil, elas tem direito de ir. Felizmente a gente tem uma constituição que diz que as pessoas tem o direito à saúde. Se elas não estão satisfeitas, elas devem ir mesmo”, diz a superintendente do Hospital Universitário, Maria de Fátima Siliansky.
O hospital atende mais de 400 pacientes com variados tipos de câncer, mas a direção afirma que o problema é pontual e atinge poucos pacientes e que conseguiu os medicamentos emprestados.
O Hospital Universitário informou que até sexta-feira (10), vai entrar em contato com os 20 pacientes que tiveram tratamento suspenso para reagendar as sessões de quimioterapia.