Conclusão foi revelada em um estudo divulgado recentemente em periódico internacional
Uma importante pesquisa desenvolvida por médicos brasileiros revela o impacto da falta de acesso a terapias para tratar a doença metastática HER2 Positivo (células mamárias localizadas fora da mama) no Sistema Único de Saúde do Brasil. A conclusão do estudo mostra que a introdução dos medicamentos Trastuzumabe e Pertuzumabe no SUS poderia evitar 768 mortes prematuras nos próximos dois anos no Brasil. Divulgado na última semana no Journal of Global Oncology, da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) o estudo contou com a participação de oito especialistas, entre eles, a Chefe do Serviço Médico de Mastologia do Hospital Moinhos de Vento, Maira Caleffi.
Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimam que mais de 57.900 novos casos de câncer de mama serão registrados em 2016, dos quais 73,7% são cobertos pelo SUS. A pesquisa mostra que a doença, a mais comum em mulheres em todo o mundo, causa 70% das mortes em pessoas de baixa e média renda. Aproximadamente 15.000 brasileiras morrem em decorrência da doença a cada ano.
Segundo os autores, das 2.008 mulheres com doenças metastáticas HER2 Positivo em 2016, 808 estariam vivas após dois anos se tratadas com quimioterapia isolada. Se estas mesmas pacientes forem tratadas com quimioterapia e Trastuzumabe, esse número aumentaria para 1.408 no mesmo período. Além disso, se receberem quimioterapia, Trastuzumabe e Pertuzumabe (uma combinação considerada o atual “padrão ouro” de tratamento), esse número saltaria para 1.576 mulheres vivas em 2018, um ganho absoluto de 768 pacientes.
Apesar de estar na lista de medicamentos essenciais da Organização Mundial da Saúde, o SUS ainda não fornece o Trastuzumabe para esta população com doença avançada. Já os pacientes do sistema privado têm acesso a esse tratamento desde 1999. “Essas terapias melhoraram drasticamente o controle da doença e a sobrevida de pacientes. Por isso, precisamos buscar a redução da inequidade nos serviços de cuidados da saúde através da rápida incorporação de novas terapias, possibilitando o acesso de pacientes com câncer nesta fase da doença”, destaca a coordenadora do Núcleo Mama Moinhos e presidente Voluntária do Imama RS e Femama.
A especialista lembra, ainda, que essa discussão envolve, além da falta dos medicamentos, a melhoria no atendimento para acompanhar os tratamentos que a medicina contemporânea proporciona. “Ainda temos muito que avançar no processo de desburocratização e no acesso ao tratamento do câncer de mama no Brasil. Essa pesquisa reforça que é necessário mais acesso ao diagnóstico precoce e tratamento adequado incluindo pacientes com câncer metastática”, conclui.
Maira Caleffi é uma liderança reconhecida pela luta e pela melhoria das políticas públicas. A especialista realizou um intenso trabalho que resultou na Lei dos 60 dias, que garante aos pacientes de câncer o direito de iniciarem o tratamento da doença pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em, no máximo, dois meses após o diagnóstico. Atualmente, a mastologista compõe o Conselho de Diretores da União Internacional de Controle do Câncer (UICC), em Genebra.
Participaram da pesquisa os oncologistas Carlos Barrios, Marcos Dibiasi e Tomás Reinert (Hospital do Câncer Mãe de Deus- Porto Alegre), Rafael Kaliks (Hospital Israelita Albert Einstein – São Paulo), Gustavo dos Santos Fernandes (Presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica – Minas Gerais), Gilberto Amorim (Centro de Oncologia D’Or – Rio de Janeiro) e Carlos Sampaio (Clínica AMO – Bahia).
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