Oncologista decidiu deixar atendimento por falta de apoio para a contratação de funcionários e atraso em salário.
Pacientes com câncer protestaram nesta quarta-feira (3) contra a suspensão do tratamento de quimioterapia, em São José do Rio Pardo (SP). O oncologista responsável decidiu deixar o atendimento em um prédio anexo à Santa Casa por falta de apoio para a contratação de funcionários e atraso em salário.
A prefeitura diz que a unidade de tratamento vai continuar funcionando na próxima semana e que novos profissionais serão contratados.
Pacientes em tratamento de câncer e parentes se reuniram em frente à Santa Casa e pediram a volta do serviço de quimioterapia e acompanhamento ambulatorial. O atendimento era feito por convênio entre a prefeitura, a Santa Casa e a Unicamp, mas o hospital rompeu a parceria.
As consultas e a quimioterapia foram suspensas depois que o único médico, que tratava de quase 500 pacientes, parou de atender.
Por telefone, o oncologista Wanderson Resende, disse que sem o apoio da santa casa o atendimento dos pacientes ficou comprometido. Explicou também que nos últimos cinco meses apresentou a prefeitura quatro pedidos de contratação de cinco profissionais de saúde, mas nenhum foi atendido. Além disso, a parte do salário dele paga pela prefeitura está atrasada há dois meses.
Sete pacientes que deveriam receber a quimioterapia nesta quarta não foram medicados. “Os que tinham que fazer quimioterapia hoje já foi cancelada. Eles estão indo na casa dos pacientes avisando e falando que vão arrumar”, afirmou Ana Amélia Junqueira Capuano, membro do Conselho Unidos pela Oncologia.
Alguns foram avisados pela prefeitura que vão continuar o tratamento em Campinas.
“Estava bem aqui onde eu estava. Eu acabava minha quimio e ia embora para a minha casa. Agora eu tenho que enfrentar 2 horas de asfalto para ir lá”, afirmou a professora Maristela Modena Martins.
“O transporte é meio precário, porque sai 3h e só retorno após 22h. enquanto não trata da última pessoa não tem que trazer de volta”, disse o trabalhador rural Celso Augusto da Costa.
Enquanto a situação não se resolve, pacientes com a saúde já debilitada e emocionalmente fragilizados têm que lidar com a incerteza e a insegurança. “É muito angustiante, dá muita dor no coração. As vezes até a autoestima da gente cai e a gente não quer isso para ninguém. A gente quer ser bem tratado e quer os medicamentos”, disse a dona de casa Célia Maria dos Santos Dutra.
Prefeitura diz que atendimento será normalizado
A prefeitura informou que, apesar do convênio com a Santa Casa não ter sido renovado, a unidade de quimioterapia vai continuar atendendo. Para isso, já providenciou a substituição da equipe de atendimento com enfermeiras, psicóloga, técnicos em enfermagem e assistente social. Com a saída do médico, um novo oncologista foi contratado e começa na segunda-feira (8). A assessoria de imprensa da Santa Casa disse que o hospital não vai falar sobre o assunto.