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Sem radioterapia em Novo Hamburgo, pacientes com câncer precisam se deslocar à capital

18 de maio de 2017

Em São Leopoldo, oncologia do local não comporta tantos atendimentos

A dona de casa Sirlei dos Santos descobriu o câncer de mama há sete anos. Passou por seis quimioterapias e trinta sessões de radioterapia. Além do desgaste emocional e dos efeitos colaterais do tratamento, ela precisou lidar com outro problema enfrentado por quem mora em Novo Hamburgo e tem a doença: se deslocar para outra cidade para passar pelas sessões de radioterapia.

No Município não existe o tratamento. Para enfrentar a doença, Sirlei recorreu, na época, ao Centro de Câncer do Hospital Centenário, de São Leopoldo. Atualmente, os pacientes hamburguenses são encaminhados ao Hospital Santa Rita, da Santa Casa, em Porto Alegre. “Dificulta bastante não ter o atendimento em Novo Hamburgo. É muito transtorno ir para outro lugar, pois a gente fica muito debilitada quando descobre o câncer”, admite a dona de casa.

Secretária do posto de atendimento da Liga Feminina de Combate ao Câncer de Novo Hamburgo, Pierina Vargas considera relevante a cidade oferecer o serviço. “Nós atendemos um volume alto de pessoas, que acabam tendo que se deslocar até Porto Alegre. Nove de dez pacientes com câncer precisam fazer a radioterapia”, observa. A mastologista Gabriela Santos, que acompanha Sirlei, reforça a importância do procedimento ser oferecido no Município. “É uma fase que eles estão cansados. A radioterapia é muito cansativa, não porque traz algum efeito colateral, como vômito e náuseas, mas porque exige deslocamento diário.”

Investimento alto

De acordo com o secretária de Saúde de Novo Hamburgo, Antônio Fagan, o plano da pasta é compor um serviço de radioterapia em conjunto com os hospitais e clínicas privadas do Município, inclusive, sendo referência para as cidades mais próximas. Fagan pondera que um serviço de radioterapia é de alto custo para o Município. “Nosso plano é trabalhar em um consórcio que estimule as clínicas a montar um serviço de radioterapia. É uma necessidade estimular que Novo Hamburgo receba este serviço.” A maior barreira, no entanto, é o alto investimento, que envolve o transporte, logística e profissionais capacitados para desenvolver esse tipo de tratamento.

Fagan destaca que um passo importante para a busca pelo investimento será o curso de medicina, a ser implementado pela Universidade Feevale. “É o ponto inicial para um possível investimento no tratamento da radioterapia. Quando o curso estiver em funcionamento, vamos dar início nas outras negociações.”

Por que não o Centenário?

Já que não há tratamento em Novo Hamburgo, o Hospital Centenário, em São Leopoldo, seria uma opção mais próxima para fazer as sessões. Mas por que o tratamento não é mais realizado na cidade vizinha? O secretário de Saúde hamburguense, Antônio Fagan, argumenta que o Centenário é uma referência para muitos municípios vizinhos, porém a oncologia do local não comporta tantos atendimentos. “Eles teriam como nos atender, mas não na proporção que Novo Hamburgo precisa”, justifica.

O secretário de Saúde argumenta ainda que a pactualização do tratamento de radioterapia via SUS, junto ao Hospital Santa Rita da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, foi definida pela Comissão Intergestores Regional (CIR), que é administrada pela Secretaria de Saúde do Estado. A escolha do hospital foi feita em razão da maior viabilidade de tratamento a curto prazo aos pacientes. Para que o tratamento radioterápico seja realizado na oncologia do Hospital Centenário, em São Leopoldo, por exemplo, seria necessário que a instituição demonstrasse a disponibilidade em aceitar a demanda extra.

Diferença entre radio e quimio

A quimioterapia é um dos tratamentos mais usados para combater o câncer, sendo composta por medicações. Existem dezenas de diferentes medicações que agem na destruição de células tumorais, que de uma maneira geral recebem o nome de quimioterapia. “A escolha depende do tipo de tumor, da sua localização, do estágio da doença e das características particulares do estado de saúde do paciente a ser tratado”, observa o oncologista clínico do Hospital Regina Antonio Fabiano.

O processo é diferente na radioterapia, que consiste na utilização de radiações para destruir as células cancerosas. Conforme explica o oncologista, age no DNA da célula, causando danos que podem levar à morte das células tumorais. Ela ainda pode ser realizada isoladamente, combinada à quimio ou complementar à cirurgia, dependendo do tipo de tumor, seu estágio clínico e condições específicas de saúde do paciente.

Fonte: Jornal NH, 16/05/2017

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