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Pacientes com câncer estão sem quimio: ‘A gente não pode esperar’

17 de fevereiro de 2017

Falta de remédios para as sessões de quimioterapia afeta 48 cidades.
Em Sorocaba, aposentada está há dois meses sem fazer o tratamento.

 

A falta de remédios para as sessões de quimioterapia pelo Sistema Único de Saúde (SUS) tem afetado pacientes de 48 cidades da região de Sorocaba (SP) que dependem do tratamento para impedir o avanço de doenças como o câncer. As sessões eram realizadas no Conjunto Hospitalar (CHS) da cidade.

Em nota, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo informou que o CHS comprou o medicamento e vai cobrar a entrega por parte do fornecedor. Mas não deu um prazo para resolver o problema.

Uma das pacientes prejudicadas é a aposentada Maria de Lourdes Quirino, que recebeu o diagnóstico de câncer de mama o meio do ano passado e, em questão de pouco tempo, começou o tratamento. Só que cinco meses depois, ela teve que parar. “Já faz dois meses. A gente não pode esperar, né? Queremos isso para ontem”, afirma.

Desde dezembro, ela afirma que tem ligado dia sim dia não para o hospital, mas sempre ouve a mesma resposta, que o remédio é para chegar no dia seguinte e pedem para ligar novamente. O medicamento em falta é a adriamicina, remédio usado pra matar as células cancerosas e impedir que a doença avance para outras partes do corpo.

Por isso, segundo a oncologista Alice Francisco, o tratamento não pode ser interrompido. “Como qualquer outro tratamento de câncer é importante a regularidade, a frequência, a dose correta, se foi indicado pelo médico que seja feito da melhor forma pra ter a melhor resposta”, explica a médica.

Outra vítima da falta do remédio é a doméstica Marlene Luzia Chambó, que já fez a cirurgia pra retirada da mama, mas não conseguiu terminar o tratamento, porque o remédio está em falta. “Não tem onde você ir procurar mais tratamento. Onde que eu vou procurar tratamento? É aqui e aqui não tem o remédio. O que que eu vou fazer?”, questiona.

Em Palmas (TO), dez pacientes com câncer também estão com o tratamento comprometido. O Ministério Público e a defensoria pública do Tocantins pediram que a Justiça obrigue o Governo do Estado a fornecer os medicamentos aos pacientes do setor de oncologia do Hospital Geral Público de Palmas, mas enquanto a decisão não sai, a situação só piora.

A Secretaria de Saúde do Tocantins diz que a empresa que venceu a licitação ainda não entregou o remédio e que já comunicou o atraso à Polícia Federal. Já a Secretaria de Saúde de São Paulo informou que já comprou o medicamento que estava em falta e que cobrou uma urgência da empresa fornecedora.

 

Fonte: G1 SP, 16/02/2017

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