Quase a metade dos tratamentos de câncer na capital do Rio é interrompida com frequência for falta de medicamentos quimioterápicos. Essa é a conclusão de um levantamento feito pelo Cremerj (Conselho Regional de Medicina), divulgado nesta terça (14/03).
O mapeamento, feito em outubro e novembro de 2016, teve como objetivo verificar os problemas que atingem 19 instituições, entre hospitais públicos, privados – com parceria público-privada – e filantrópicos, que oferecem serviços na área de oncologia.
Dentre essas 19, 42% relatam que há interrupção recorrente de tratamento por falta de remédios quimioterápicos. 74% não fazem radioterapia. Os hospitais em situação mais grave são os federais de Bonsucesso, Andaraí e Cardoso Fontes.
O levantamento mostra também que um dos grandes problemas do setor é a reduzida estrutura para exames, o que atrasa início do tratamento desses pacientes.
Há casos de demora de quatro semanas para a entrega do resultado de exames básicos, de outras quatro semanas para o resultado do exame específico e mais 11 semanas para que o paciente receba o resultado do imuno-histoquímico, avaliação que é necessária para a indicação do tratamento adequado para o paciente.
Segundo o Cremerj, o atraso vai contra a Lei dos 60 dias, que assegura que os pacientes com câncer devem começar a ser tratados em até dois meses após o diagnóstico da doença.
“A maioria dos hospitais que prestam esse tipo de atendimento não tem a verba necessária e o paciente com câncer que recorre ao Sistema Único de Saúde atravessa uma via crucis, sofrendo com a demora para obter o diagnóstico. Quando finalmente dá início ao tratamento, é prejudicado pela falta de recursos e de quimioterápicos”, diz relatório do conselho.