Em uma pesquisa de opinião apresentada na última sexta-feira no Fórum de Políticas Públicas para o Câncer de Mama, da Fundação Laço Rosa, ONG associada à FEMAMA no Rio de Janeiro (RJ), mostra que as mulheres ainda esperam o cumprimento da lei que determina o prazo máximo de 60 dias entre o diagnóstico e o início do tratamento.
Após ouvir 268 mulheres, entre os dias 3 e 8 de maio, em São Paulo, em Porto Alegre, no Distrito Federal e no Rio de Janeiro, o levantamento feiro pelo Instituto Data Folha revela que as pacientes esperaram até 4,4 meses para obter o diagnóstico da doença, 3 meses e meio entre o diagnóstico e o início do tratamento e outros 2,6 meses para o início da radioterapia. “É um processo muito lento para quem não tem tempo a perder”, critica Marcelle Medeiros, presidente da Fundação Laço Rosa.
A maior parte das entrevistadas tem entre 41 e 70 anos, está inserida na população não economicamente ativa e afirma não ter feito uso de alguns dos direitos de pacientes com câncer por desconhecimento. A isenção na tarifa do transporte interestadual e a retirada do FGTS são os benefícios mais utilizados, mas não há costume de buscar o Benefício da Lei Orgânica da Assistência Social, bem como solicitar isenção de Imposto de Renda ou prioridade em processos jurídicos para a aquisição de remédios, por exemplo.
A pesquisa também revelou uma incoerência. Aproximadamente oito de cada dez mulheres se consideram informadas sobre a doença, sendo que perto de sete conceituam-se como bem informadas. Por outro lado, metade delas não sabe o tipo de câncer que tem e, ao serem estimuladas a responder se conhecem sete dos medicamentos mais comuns para o tratamento, a maioria (70%) declarou não conhecer nenhum deles.
Ana Lucia Gomes, Coordenadora de Relações Institucionais e Advocacy da FEMAMA esteve presente no evento. Para ela, ainda é muito impactante a desinformação das pacientes sobre seus direitos. “É necessário que as associações de pacientes ofereçam cada vez mais ferramentas para que elas empoderem-se sobre o seu processo de diagnóstico e tratamento para que busquem e exijam seus direitos”, reitera.
Quando indagadas a respeito de remédios biossimilares, o desconhecimento é ainda maior (82%). “São medicações novas, biologicamente alteradas e, por isso, ainda não há um código de conduta no Brasil sobre como entrarão no mercado, se são seguras para o paciente e qual o direito do paciente em recusar o uso e o direito do governo em comprar, levando o custo em consideração e não os possíveis efeitos colaterais”, explica Marcelle.
Outros dados apresentados pelo Data Folha mostram o desconhecimento das pacientes com câncer de mama. Por exemplo, 99% das entrevistadas afirmou desconhecer o gasto do seu município ou estado com a doença. E o mais grave: 70% sequer sabem a medicação usada em seu tratamento. O conhecimento a respeito de oferecimento de tratamentos diferentes na rede pública e na particular, para câncer de mama do tipo HER2+, também é baixo. Cerca de duas em dez declaram conhecer.
Como a sociedade civil pode ajudar
A presidente voluntária da FEMAMA, Dra. Maira Caleffi, ministrou a palestra “Perspectiva Global do Câncer e como a Sociedade Civil pode Ajudar”. Na apresentação, a médica mostrou dados sobre incidência e mortalidade por câncer de mama no Brasil e citou mobilizações e campanhas empenhadas pela instituição para influenciar políticas públicas de apoio à saúde da mama.
Com informações de Extra, 26/05/2017