Além do medo do diagnóstico, elas têm receio dos efeitos que causam tratamentos como a quimioterapia
O câncer de mama continua sendo uma preocupação na vida de muitas mulheres – e suas famílias. No entanto, apesar de os riscos da doença assustarem, muitas delas marcam o exame de mamografia, mas não comparecem para o procedimento. No Ceará, 31.765 mamografias foram marcados. Do total agendado, 6.914 deixaram de ser realizados pelo não comparecimento da paciente, ou seja, 21,76%, conforme dados do Comitê Estadual de Controle do Câncer no Ceará da Secretaria da Saúde (Sesa). O Estado ofertou nesse período 44.289 mamografias.
Em 2015, o Ceará realizou 124.971 mamografias pelo Sistema Único de Saúde (SUS), na rede pública e conveniada. Neste ano, de janeiro a julho, foram feitas 74.736 mamografias pelo SUS. Desse total, 49.458, correspondentes a 39,57% dos exames, foram feitos nas 19 policlínicas regionais do Governo. “O medo do resultado do exame e a perda da mama ainda são grandes enfrentamentos das pacientes”, afirma o médico oncologista e mastologista, coordenador do Comitê, Luiz Porto.
A dona de casa Ana Elizia de Farias é uma das pacientes que procurou o Instituto de Prevenção do Câncer do Ceará (IPC). Ela buscou um posto de saúde após um autoexame da mama. Em seguida, o médico a encaminhou para a realização de uma mamografia devido ao aparecimento de nódulos e cistos palpáveis em um dos seus seios. “Não estou com medo. Isso é algo que deveria ser natural”.
Conforme o coordenador do Comitê Estadual de Controle do Câncer no Ceará, atualmente, existem 52 equipamentos de mamografia no Ceará. Desse total, 17 estão na Capital e os demais distribuídos em diferentes microrregiões do Estado. “O problema não é a falta de equipamentos. Uma unidade hospitalar pode fazer até 40 exames por dia, mas o que ocorre é que as pacientes faltam”, conta ele.
Outubro Rosa
Essas são também preocupações do Movimento Outubro Rosa, que está na 8ª edição no Ceará, visando alertar o poder público, serviços de oncologia e mais diretamente as mulheres sobre a importância do diagnóstico precoce. Conforme o médico, o aumento da mortalidade por câncer demama, inclusive no Brasil e no Ceará, ocorre porque “o diagnóstico é feito, em mais de 50% dos casos, em estágio avançado da doença”.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois do de pele não melanoma, respondendo por cerca de 25% dos casos novos por ano.
Conforme pesquisa do Comitê Estadual de Controle do Câncer no Ceará, a cada 1.000 mulheres rastreadas, encontram-se três casos de câncer de mama. Um estudo realizado junto a 3,5 mil mulheres de Fortaleza encontrou 380 com alto risco de desenvolver a doença. Exames foram marcados para essas mulheres, mas só a metade compareceu. Pesquisadores estiveram em casas de mulheres para investigar motivos de ausências e as justificativas foram várias: medo do diagnóstico, de perder a mama, perder os cabelos ou porque os maridos não permitem a realização do exame por profissionais homens.